Jorge Alexandre Fares
A
mediunidade é uma faculdade do espírito humano, que possibilita a intermediação
entre os vivos (encarnados) e a alma dos mortos (desencarnados). Ela
manifesta-se de múltiplas maneiras. A mediunidade intuitiva é inata no espírito
de todos os seres encarnados. A potência dessa mediunidade varia de indivíduo
para indivíduo, em conformidade com o desenvolvimento que o ser vai obtendo de
encarnação em encarnação.
O
médium é um elemento de ligação dos dois planos – o físico e o psíquico – sendo
essa a razão de quase sempre se revelarem por seu intermédio os fenômenos
psíquicos. Ao serviço do Racionalismo Cristão, médiuns e esteios nada devem
temer; em primeiro lugar porque estão seguros dos seus conhecimentos e sabem
como agir em defesa própria; em segundo lugar, porque têm a assistência dos
espíritos do Astral Superior, aos quais se ligam por pensamentos elevados e
pela disciplina por eles intuída.
Quanto
mais sensível o indivíduo, maiores possibilidades tem de captar vibrações.
Dessas vibrações, que são diferentes umas das outras, o espaço está repleto,
podendo cada vibração captada produzir uma revelação ou fenômeno
correspondente. As retinas dos olhos humanos podem captar vibrações da luz
solar, mas não as da Luz Astral, a não ser quando intervém o médium com a sua
sensibilidade através do fenômeno muito conhecido da clarividência.
O
médium de incorporação pode, em determinadas condições psíquicas, desdobrar-se,
e esse fenômeno, desde que praticado disciplinadamente, é de grande utilidade.
Entende-se por desdobramento o afastamento do espírito e do seu corpo astral do
corpo físico do médium, por alguns momentos, ficando a ele ligado por cordões
fluídicos. O que se dá com todos durante o sono, ocorre com o médium quando
acordado, em trabalhos de desdobramento.
Entre
os fenômenos espíritas, produzidos pelos médiuns, de efeitos físicos, são as
materializações, as levitações e os transportes de objetos sem contato que mais
impressionam a massa humana, alheia aos poderes espirituais. Alguns desses
fenômenos são produzidos por espíritos galhofeiros do astral inferior que,
agindo invisivelmente, arremessam objetos e produzem ruídos, ou por indivíduos
a eles aliados que fazem mau uso da faculdade mediúnica, para obter vantagens,
geralmente pecuniárias.
Como
os espíritos do astral inferior não ignoram que todos os seres têm mediunidade
intuitiva, dela se aproveitam para incutir no mental desses seres idéias
absurdas e disparatadas. Daí a razão de andarem certos indivíduos com a mania
de perseguição, de verem as coisas sempre pelo lado ruim e de muitos se suporem
vítimas de doenças diversas.
A
mediunidade intuitiva está intimamente ligada à estrutura do embrionário órgão
telepático, que é um reflexo da sensibilidade psíquica, cujo desenvolvimento se
irá, a seu tempo, denunciando.
Conseqüentemente,
a mediunidade intuitiva, a de incorporação e as funções rudimentares do
incipiente órgão telepático perfazem, em ações coordenadas e complementares, a
soma de três predicados espirituais, cujo desenvolvimento, quando sob rigoroso
controle, oferece os mais perfeitos resultados na captação de pensamentos de
espíritos desencarnados ou não.
Nas
correntes formadas pelos espíritos do Astral Superior, os médiuns transmitem
voluntariamente, de um modo geral, o que os espíritos lhes intuem; como, porém,
não perdem o controle sobre si mesmos, deixam de proferir as inconveniências,
caso intuídas, quando atuados por espíritos obsessores.
Em
todas as camadas sociais há indivíduos que têm, sem saberem, além da
mediunidade intuitiva, da qual todos os seres humanos são portadores, também a
mediunidade de incorporação. Por se conservarem nessa ignorância, uns acabam
praticando o suicídio, outros desaparecem em desastres, muitos superlotam os
hospitais, as cadeias e penitenciárias, e grande parte desses indivíduos, com a
faculdade menos desenvolvida, vive a provocar desordens, a perder-se no jogo, a
deprimir-se no álcool e a arruinar-se na sensualidade desenfreada.
Os
espíritos desencarnados que perambulam no astral inferior rapidamente
identificam os encarnados que têm a mediunidade de incorporação, ao notarem a
facilidade com que eles recebem as suas intuições, o que não se dá com as
demais pessoas. Com isso, a criatura dotada dessa faculdade será fatalmente
vítima de tais espíritos, se não estiver esclarecida e preparada para repelir o
seu contato maléfico.
Contam-se
aos milhões, no astral inferior, os espíritos alcoviteiros, intrigantes,
desleais, facciosos e amantes de discussão que encontram, na mediunidade de
incorporação dos encarnados, campo aberto para satisfazerem os desejos malignos
que alimentam e saciarem as suas más paixões nos lares onde a disciplina
preconizada pelo Racionalismo Cristão não é praticada.
É bom
não se perder de vista que os afins se atraem e cada um se revela de acordo com
o seu modo de pensar. Quem gosta da maledicência, da intrujice, do mexerico
produz pensamentos correspondentes e atrai, para junto de si, obsessores de
igual gosto. Quando, porém, o autor de tais pensamentos é um médium de
incorporação, a situação se torna muito mais grave, por ficar ele sujeito a
receber constantes cargas dos afins encarnados que o incitam contra os seus
desafetos e os inimigos dos próprios obsessores.
A
mediunidade, como todas as faculdades espirituais, desenvolve-se
progressivamente, de encarnação em encarnação. Desde o primeiro grau de
evolução, nas camadas humanas mais atrasadas, nos ritos selvagens, na prática
da magia, começam certos indivíduos a desenvolvê-la sem preparo psíquico, sem
conhecimento dos riscos a que se expõem, pela inobservância da disciplina que
deveria acompanhar tal desenvolvimento. Isso explica o fato de encontrar-se o
mundo repleto de criaturas perturbadas e
anormais, de paranóicos e desequilibrados, de obsedados e dementes.
Quem
desenvolve a faculdade mediúnica fora da disciplina aconselhada pelo
Racionalismo Cristão – é bom repetir – corre
todos os riscos, inclusive o da loucura. (Ver o capítulo III –
Mediunidade e Médiuns – do livro Prática do Racionalismo Cristão).
A
faculdade mediúnica é das mais importantes, pela influência que exerce na
existência de cada um. Procurar, pois, estudá-la para conhecê-la, através de
sua complexidade e múltiplas manifestações, é dever que se impõe a todos os
seres humanos que querem viver conscientemente e não vegetar.
Fonte:
livro Prática do Racionalismo Cristão